"Eis uma grande lição a ser aprendida pelo mundo de hoje, tão cheio de radicalismos intolerantes."
*Dom Gil Antônio Moreira é arcebispo de Juiz de Fora (MG).
Fico pensando: entre nós, quantos sacerdotes santos,
quantas jovens e senhoras de nossas paróquias e comunidades, quantos leigos e
leigas já deram resposta altamente positiva a esse segredo de amor e de
confiança do Senhor! Muitos já vivem hoje na Jerusalém celeste e intercedem,
imersos em Cristo, por nós que caminhamos neste mundo, ávidos por acertar a
estrada, dispostos a servir a Deus da forma melhor que alcançarmos.
Porém, o que significa seguir a Cristo?
Tal indagação pode ser respondida através das Sagradas
Escrituras, como por exemplo, o trecho de São Lucas, em seu capítulo nove,
quando narra o chamado dos primeiros discípulos e dá-lhes instruções práticas
para a "sequela Christi". Deduz-se, em primeiro lugar, que Jesus,
embora pudesse salvar o mundo sem a participação dos seres humanos, não quis
fazê-lo desta forma, mas desejou a sua participação efetiva.
Ele, contudo, não esconde aos seus discípulos a radicalidade que isto representa, pois podem advir incompreensões, rejeições, preconceitos religiosos e outros obstáculos. Falta de conforto para a viagem, desapego de qualquer recompensa humana ou material, eis algumas das exigências da missão. Momento importante para o discípulo é o de decidir diante de tais situações e eventuais provocações. Para se saber qual teria sido a reação de Jesus diante destes fatos, é bom examinar qual foi a reação dos apóstolos diante da desfeita que os samaritanos praticaram contra Jesus, não o recebendo, por preconceito religioso, em suas casas (Lc.9, 53). À ocasião, enquanto os discípulos queriam pedir fogo do céu para eliminá-los, a reação de Jesus foi bem outra, repreendendo amorosamente o seu grupo. Eis uma grande lição muito própria para o mundo hodierno, tão cheio de propaganda religiosa, de tantos radicalismos intolerantes, como os que se podem ver no Iraque por estes dias, que assustam os homens e as mulheres do século XXI. Ao responder os variados chamados do Senhor para segui-lo, pode-se, com todo o direito, elevar graças ao Senhor Deus por nos ter enviado Jesus na história, pois ele ensina a perdoar, em vez de condenar; de responder o mal com o bem, em vez de vingar; a viver a lei do amor, em vez de beber o veneno do ódio e a lutar para que tais atitudes desapareçam do coração humano e dos governos deformados. Que Deus, a quem procuramos servir e amar, nos ilumine para descobrirmos como agir para por fim a esta violência. No trecho citado de Lucas, o Senhor dá também a lição da urgência: deixar que os mortos enterrem seus mortos; preocupar-se com a missão de anunciar a vida, pois ela está ameaçada; propagar a salvação, pois ela anda agredida; anunciar e celebrar os santos mistérios do Senhor, pois a santidade é desprezada por tantos. Tem-se pressa. Não se pode deixar para depois. Aos que se dispõem a segui-lo na vida consagrada, Jesus pede a radicalidade em relação à família, não desprezando os pais e familiares, mas dando prioridade à missão provinda de Deus. Pelo celibato, oferecem-se inteiramente, renunciando a formar um lar, para abraçar de forma total e confiante a nova família que é a de Deus, recusando-se a “pôr a mão no arado e olhar para traz” (cf. Lc 9, 63).Inquietudes podem aparecer para quem o seguir, como para Jeremias que disse “sou muito novo” ou como para Paulo, “sou muito fraco”, porém a Palavra é consoladora: “Eu estou contigo”, disse Deus ao Profeta. A resposta de Paulo é confortadora: “Tudo posso naquele que me dá força” (Fil. 4,13)!
Ele, contudo, não esconde aos seus discípulos a radicalidade que isto representa, pois podem advir incompreensões, rejeições, preconceitos religiosos e outros obstáculos. Falta de conforto para a viagem, desapego de qualquer recompensa humana ou material, eis algumas das exigências da missão. Momento importante para o discípulo é o de decidir diante de tais situações e eventuais provocações. Para se saber qual teria sido a reação de Jesus diante destes fatos, é bom examinar qual foi a reação dos apóstolos diante da desfeita que os samaritanos praticaram contra Jesus, não o recebendo, por preconceito religioso, em suas casas (Lc.9, 53). À ocasião, enquanto os discípulos queriam pedir fogo do céu para eliminá-los, a reação de Jesus foi bem outra, repreendendo amorosamente o seu grupo. Eis uma grande lição muito própria para o mundo hodierno, tão cheio de propaganda religiosa, de tantos radicalismos intolerantes, como os que se podem ver no Iraque por estes dias, que assustam os homens e as mulheres do século XXI. Ao responder os variados chamados do Senhor para segui-lo, pode-se, com todo o direito, elevar graças ao Senhor Deus por nos ter enviado Jesus na história, pois ele ensina a perdoar, em vez de condenar; de responder o mal com o bem, em vez de vingar; a viver a lei do amor, em vez de beber o veneno do ódio e a lutar para que tais atitudes desapareçam do coração humano e dos governos deformados. Que Deus, a quem procuramos servir e amar, nos ilumine para descobrirmos como agir para por fim a esta violência. No trecho citado de Lucas, o Senhor dá também a lição da urgência: deixar que os mortos enterrem seus mortos; preocupar-se com a missão de anunciar a vida, pois ela está ameaçada; propagar a salvação, pois ela anda agredida; anunciar e celebrar os santos mistérios do Senhor, pois a santidade é desprezada por tantos. Tem-se pressa. Não se pode deixar para depois. Aos que se dispõem a segui-lo na vida consagrada, Jesus pede a radicalidade em relação à família, não desprezando os pais e familiares, mas dando prioridade à missão provinda de Deus. Pelo celibato, oferecem-se inteiramente, renunciando a formar um lar, para abraçar de forma total e confiante a nova família que é a de Deus, recusando-se a “pôr a mão no arado e olhar para traz” (cf. Lc 9, 63).Inquietudes podem aparecer para quem o seguir, como para Jeremias que disse “sou muito novo” ou como para Paulo, “sou muito fraco”, porém a Palavra é consoladora: “Eu estou contigo”, disse Deus ao Profeta. A resposta de Paulo é confortadora: “Tudo posso naquele que me dá força” (Fil. 4,13)!
CNBB, 25-08-2014.
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