Os textos da festa do Batismo do Senhor revelam quem é Jesus verdadeiramente
Quando temos de participar
de algum evento importante, à noitinha, após um dia de trabalho, passamos em
casa para tomar um banho e vestimos uma roupa adequada à ocasião. Isso nos
renova e muda completamente a nossa disposição! Esquecemos então as preocupações
com o trabalho e entregamo-nos ao evento com toda a liberdade de espírito.
Pondo de lado qualquer anacronismo, é numa prática deste tipo que o batismo se inspira. Este ritual do banho renovador encontra-se um pouco em toda parte, entre as antigas tradições. Mas, na Bíblia, ele ganha novas dimensões: de fato, conserva a memória de muitos relatos fundadores. A começar pelo capítulo 1 de Gênesis, onde vemos o abismo primordial, a massa d’água sem margem alguma, representando o nada.
Desde já podemos pressentir que o nosso batismo comportará um aspecto de criação: surgirá com ele uma realidade que ainda não estava ali. Com o dilúvio, ficamos sabendo que o pecado, ou seja, a recusa de se construir a imagem de Deus, provoca o retorno ao nada inicial. De fato, não podemos ser outra coisa, senão imagens de Deus. Este nada é, no entanto, atravessado de alguma forma, e uma nova humanidade surgiu com o recuo das águas. E temos agora a travessia do mar Vermelho e do Jordão: a passagem da escravidão à liberdade, a criação de um povo novo sobre uma terra nova. "Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez realidade nova", diz Paulo em 2 Coríntios 5,17. E aí, estamos no tema da nova criação no Cristo, onipresente no Novo
Testamento. E que é para se levar a sério.O
Evangelista Marcos consagra dois versículos apenas às tentações do Cristo. São
os que, ausentes de nossa leitura, seguem imediatamente ao relato do batismo.
Estas tentações nos dizem que Jesus vai, desde o princípio, afrontar o mal que
destrói no homem a sua humanidade e que vai acabar por crucificá-lo. Elas
representam uma espécie de chave que permite decifrar tudo o que vai lhe
acontecer. Neste contexto, as palavras vindas do céu, "Tu és o meu Filho
amado, em ti ponho meu benquerer» são de alguma forma um selo divino, uma marca
indelével que dará segurança a Jesus, no decurso de todas as provações que
deverá sofrer. É uma iluminação prévia que, apesar de tudo, permitirá conservar
a confiança e a segurança.Pondo de lado qualquer anacronismo, é numa prática deste tipo que o batismo se inspira. Este ritual do banho renovador encontra-se um pouco em toda parte, entre as antigas tradições. Mas, na Bíblia, ele ganha novas dimensões: de fato, conserva a memória de muitos relatos fundadores. A começar pelo capítulo 1 de Gênesis, onde vemos o abismo primordial, a massa d’água sem margem alguma, representando o nada.
Desde já podemos pressentir que o nosso batismo comportará um aspecto de criação: surgirá com ele uma realidade que ainda não estava ali. Com o dilúvio, ficamos sabendo que o pecado, ou seja, a recusa de se construir a imagem de Deus, provoca o retorno ao nada inicial. De fato, não podemos ser outra coisa, senão imagens de Deus. Este nada é, no entanto, atravessado de alguma forma, e uma nova humanidade surgiu com o recuo das águas. E temos agora a travessia do mar Vermelho e do Jordão: a passagem da escravidão à liberdade, a criação de um povo novo sobre uma terra nova. "Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez realidade nova", diz Paulo em 2 Coríntios 5,17. E aí, estamos no tema da nova criação no Cristo, onipresente no Novo
O que quer que aconteça com Jesus, será sempre o amado de Deus e nele será revelado todo o amor de Deus para com os homens, este amor mais forte do que a morte. Não percamos de vista que o que está dito sobre o Cristo vale também para nós. O nosso batismo nos designa também como filhos amados, repletos de todo o amor de Deus. No capítulo 6 da carta aos Romanos, Paulo escreve que é na morte do Cristo que fomos batizados. Pelo batismo e tudo o que ele significa nós «nos tornamos uma coisa só com ele por morte semelhante à sua e seremos uma coisa só com ele também por ressurreição semelhante à sua" (6,5).
Todo o início deste capítulo 6 deve ser lido nesta perspectiva. Notemos que o batismo que recebemos já nos inscreve no universo da Ressurreição.
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