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sábado, 25 de fevereiro de 2023

Espaço do Seminarista João Pedro: Inicio da Quaresma

Seminarista João Pedro
Jejum, esmola e oração são três práticas que a Igreja convida seus fiéis a realizar durante o tempo da Quaresma de forma mais assídua. Essas práticas têm o intuito de abrir o coração humano à graça de Deus, cada uma de sua forma particular. Como Jesus disse em seu Sermão da Montanha: "Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas, que desfiguram os rostos para que os homens vejam que jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, para que os homens não vejam que jejuas, mas somente teu Pai, que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa" (Mt 6,16-18).

Infelizmente, é frequente ouvirmos certas frases que diminuem a importância dessas práticas, como "O que adianta fazer jejum e continuar falando mal do irmão?" ou outras frases que derivam disso. Mas, como afirma São Tiago, "a fé sem obras é morta" (Tg 2,26). É preciso realizar essas práticas não como uma demonstração para os outros, mas como um ato de amor e obediência a Deus.

Ao olharmos para frases como essas, podemos pensar que fazem sentido e que estão combatendo de forma veemente uma falsa santidade. Mas se analisarmos bem, elas carregam um mal muito forte para dentro dos corações: o ativismo. Parece que o homem tem a simples possibilidade de não pecar, por suas próprias forças, ele pode largar seus pecados e sua inclinação ao mal. No entanto, essa ideia já foi refutada pela Igreja em sua história. Santo Agostinho, um dos maiores pensadores da patrística, combateu o pelagianismo, uma doutrina que acreditava que o homem poderia se salvar por si mesmo, sem a graça de Deus. Segundo Agostinho, a salvação é um dom gratuito de Deus que só pode ser alcançado pela fé e pela graça divina. Como ele escreveu: "O homem é salvo unicamente pela graça de Deus, sem qualquer mérito seu" (Enchiridion, 31).

Apesar da Igreja já ter combatido diversas ideias errôneas, sempre elas tendem a retornar e é necessário sempre rever os erros dessas doutrinas. Com certeza, é necessário dispormos a nós à fuga do pecado, usarmos nossos esforços e empenhos para isso, mas a força para superarmos os erros e nos aproximarmos de Deus é a graça. Como afirmou Jesus aos seus discípulos, "sem Mim, nada podeis fazer" (Jo 15,5 A graça é a força de Deus que nos molda para sermos como Ele e nos move para Ele. Ela é concedida a nós de diversas maneiras, a principal dessas maneiras são os sacramentos, como nos ensina São Paulo em sua Carta aos Efésios: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2,8-9). Batismo, Eucaristia, Crisma, Confissão, Unção dos enfermos, Matrimônio e Ordem são os 7 sacramentos da Igreja e canais da graça de Deus. A maioria deles recebemos apenas uma vez, em momentos especiais ou por vocação específica, mas dois deles devem ser frequentemente usados, buscados e colocados na vida cotidiana do Cristão: confissão e Eucaristia.

A confissão nos restaura o estado de graça que já havíamos recebido no nosso batismo, mas que perdemos por causa de nossos pecados. Como nos ensina São João em sua Primeira Carta: "Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 Jo 1,8-9). Uma boa confissão nos ajuda a entender nossa situação de pecadores, restaurar um coração humilde e nos guiar novamente no caminho rumo à santidade.

A Eucaristia, o santíssimo e diviníssimo sacramento, não possui apenas um caráter santificador, mas é o próprio Autor da santidade que quis habitar em nossos corações. Como nos ensina Jesus em seu discurso após a multiplicação dos pães: "Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede" (Jo 6,35). Ele quis se fazer pão para estar intimamente ligado à nossa alma. A Eucaristia é o sacramento por excelência e importantíssimo na jornada rumo à santidade.

Para vivenciar uma boa quaresma, o primeiro passo é realmente buscar de forma assídua os dois sacramentos, seguidos pelas práticas que falamos no início do texto. É saber se abandonar no desígnio de Deus, acreditar na sua graça santificadora e viver plenamente como Ele planejou as nossas vidas. Como nos ensina São Paulo em sua Carta aos Filipenses: "Tudo posso Naquele que me conforta" (Fil 4,13). Não deixe de praticar tais atos porque você "não tem mais jeito", é um pecador ou fraco demais para se converter. Deus que nos chama à santidade, e se Ele nos inspirou esse bom propósito, Ele nos guiará para sermos realmente santos. Nessa quaresma, tenha a certeza de que Deus te ama e te quer próximo d'Ele, faça seus propósitos quaresmais, esforce-se e peça a graça para vivê-los e rezemos a oração da coleta da sexta-feira depois das cinzas: “Ó Deus, assisti com vossa bondade a penitência que iniciamos, para que vivamos interiormente as práticas externas da Quaresma. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.”

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