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Capela Santa Cruz-Paróquia São José Operário-Jundiaí |
A cruz, formada
por uma haste vertical e outra horizontal, é o maior símbolo da vida cristã. No
tempo do Império Romano era usada como lugar de execução de quem era condenado
à morte. Ela aterrorizava as pessoas, porque o condenado ficava agonizando até morrer,
e o cadáver ali apodrecia, sem direito de um sepultamento digno. Era
humilhação, tortura e considerada uma maldição.
É difícil
compreender o fato de um instrumento de tortura, como esse, tornar-se meio para
o seguimento de Jesus Cristo. Um símbolo de maldição que se transforma em
caminho de salvação. Isso revela a intensidade com que Deus amou o mundo,
descendo no mais profundo da realidade humana. Com isto o sofrimento passa a
ser expressão visível de amor até às últimas consequências.
Quem ama de
verdade, como o fez Cristo, é capaz de superar situações extremas de
sofrimento. Somos iguais nos prazeres e nos sofrimentos, na perfeição e nas
imperfeiçoes, uns mais e outros menos. Tudo isso fazendo parte do mistério da
vida humana, que deve ser encarado com discernimento, equilíbrio, coragem e
vontade de vencer. O importante é não perder o rumo da história.
Duas coisas
devem pesar na consciência de todos nós: uma é a prática do amor, da doação, da
partilha e de atos com responsabilidade; outra, como ofensa ao Criador, é a
prática do ódio, da vingança e do desrespeito. A via da cruz pode ser um grande
caminho de libertação, porque supõe a interiorização do amor.
Não é fácil amar
a quem nos ofende, como não deve ter sido fácil Cristo, na cruz, dizer aos
carrascos: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34).
Portanto, a cruz é um desafio, pois ela exige despojamento do poder sem
objetivos altruístas e conquista do bem pelo caminho do bem.
Para muitos
cidadãos honestos, uma simples eleição pode ser momento de cruz, principalmente
por não conseguir visualizar um candidato que seja confiável. Seu voto pode ser
causador de sofrimentos e de muitas cruzes durante mais quatro anos.
CNBB,
09-09-2014.
*Dom
Paulo Mendes Peixoto é arcebispo de Uberaba (MG).
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