A necessidade de orar sempre.
Deus não nos
ensinou a orar apenas com palavras, mas também com atos. Ele próprio com
frequência orou e suplicou, mostrando-nos com seu exemplo o que temos de fazer.
Está escrito: Ele se afastava para os lugares solitários e adorava. E
ainda: Saiu para o monte a fim de orar e passou a noite inteira em oração a
Deus.
O Senhor orava e pedia não para si – que pediria, o inocente, para si? – mas
por nossos delitos, como ele mesmo o declarou ao dizer a Pedro: Eis que
Satanás procurava joeirar-vos como trigo. Mas eu roguei por ti, para que tua fé
não desfaleça. E pouco depois rogou ao Pai por todos, dizendo: Não
rogo apenas por estes, mas também poraqueles que irão crer em mim pelas
palavras deles, a fim de que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e
eu em ti, para que também eles estejam em nós.
Imensa benignidade e piedade de Deus para nossa salvação! Não contente de
redimir-nos com seu sangue, ainda quis com tanta generosidade rogar por nós.
Considerai o desejo daquele que rogou, para que do mesmo modo como o Pai e o
Filho são um, assim também nós permaneçamos na mesma unidade. Não
é de admirar, irmãos caríssimos, que a oração, tal como Deus a ensinou,
enfeixe, por seu ensinamento, toda a nossa prece numa breve palavra de
salvação. Já pelo profeta Isaías isto tinha sido predito, quando, cheio do
Espírito Santo, falava da majestade e bondade de Deus: Verbo que completa
e abrevia na justiça, porque Deus fará uma palavra abreviada em todo o orbe da
terra. Pois a palavra de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, veio para todos e,
reunindo doutos e ignorantes, sexos e idades, lhes deu preceitos salutares,
resumindo de tal maneira seus mandamentos, que a memória dos discípulos não
sentisse dificuldade com o ensinamento celeste, mas rapidamente aprendesse o
que era necessário à simples fé.
Extraído do Tratado sobre a Oração do Senhor, de São Cipriano, bispo e mártir
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