Pergunto:
Num período de crise como esse que estamos vivendo, com
tantos milhões de jovens desempregados; com tantos outros vivendo a insegurança
do emprego que ainda conservam, por vezes sendo até obrigados a fazer
concessões para não perder os parcos salários que cobrem suas despesas
indispensáveis; com tantas famílias precisando do essencial para a
sobrevivência, como então “comprovar” seus sentimentos pela pessoa amada?
E como avaliar a ética das lojas e instituições
financeiras, que aproveitando essa pressão emocional sobre pessoas imaturas,
oferecem dinheiro quase de graça (pelo menos é o que sugerem...), prometem
facilidades incríveis para os incautos sacarem empréstimos que depois irão
amargurar-lhes a existência, levando-os a correr atrás de outros empréstimos
para pagar os empréstimos que fizeram, ou as prestações que assumiram, num
perverso moto perpétuo, capaz de levar pessoas mais desesperadas até a atos
extremos. E o pior é que há quem meça o amor do outro, pela qualidade e pelo
valor do presente recebido. Já ouvi absurdo como esse: “Fulano não me ama! Olha
só a porcaria que me deu!...” Pergunto: que amor é esse?
Curiosamente, nos países onde a comemoração de São
Valentim – Dia dos Namorados, é bem mais antiga, a tradição não são os
presentes multiformes e dispendiosos, mas uma simples caixa de bombons ou de
chocolate, especialmente acompanhada de um bonito cartão com mensagem sincera,
escrita pela própria pessoa. Isso sim, é considerado expressão autêntica do
amor que se quer demonstrar. E interessante: o Dia dos Namorados (Saint
Valentine's Day), comemorado há séculos em outros países, nasceu e permanece
sendo uma festa de sentimentos e manifestações personalizadas. Aqui no Brasil,
com pouco mais de 50 anos, nasceu e continua sendo um evento comercial,
oportunidade de consumismo e faturamento, quase sempre frio e sem
personalização. Quando muito, as emoções de uma noite no motel...
Pascom-SJO
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