Na verdade, ilustríssima senhora, confesso-te que me perco e arrebato quando
considero, na sua profundeza, a bondade divina. Ela é semelhante a um mar sem
fundo nem limites, que me chama ao descanso eterno por um tão breve e pequeno
trabalho; que me convida e chama ao céu para aí me dar àquele bem supremo que
tão negligentemente procurei, e me promete o fruto daquelas lágrimas que tão
parcamente derramei.
Por conseguinte, ilustríssima senhora, considera bem e toma cuidado em não
ofender a infinita bondade de Deus. Isto aconteceria se chorasses como morto
aquele que vai viver perante a face de Deus e que, com sua intercessão, poderá
auxiliar-te incomparavelmente mais do que nesta vida. Esta separação não será
longa; no céu nos tornaremos a ver. Lá, unidos ao autor da nossa salvação,
seremos repletos das alegrias imortais, louvando-o com todas as forças da nossa
alma e cantando eternamente as suas misericórdias. Se Deus toma de nós aquilo
que havia emprestado, assim procede com a única intenção de colocá-lo em lugar
mais seguro e fora de perigo, e nos dar aqueles bens que desejamos dele
receber.
Disse tudo isto, ilustríssima senhora, para ceder ao desejo que tenho de que tu
e toda a minha família considereis minha partida como um feliz benefício. Que a
tua bênção materna me acompanhe na travessia deste mar, até alcançar a margem
onde estão todas as minhas esperanças. Escrevo isto com alegria para dar-te a
conhecer que nada me é bastante para manifestar com mais evidência o amor e a
reverência que te devo como um filho à sua mãe.
(Da Carta escrita por São Luís Gonzaga à sua mãe.)
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