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quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Formação Litúrgica: Os desafios para a liturgia a partir da missão

No próximo mês refletiremos a respeito de como a liturgia pode contribuir para a missão.

Para ser sentida e vivenciada como formadora de missionários de Jesus Cristo, a liturgia precisa ser aquilo que ela é: liturgia. Com frequência, aproveitam-se as celebrações para fazer campanha missionária. A liturgia, no entanto, não deveria ser ocasião de campanha missionária. Ela, em si, é fonte de missão. Mas aí é que reside o desafio. Para ser fonte de missão, a liturgia antes de tudo precisa ser lugar de experiência de Deus, que como Pai, por Cristo, no Espírito Santo acolhe e reúne seus fi lhos e fi lhas como comunidade de irmãos e irmãs e não apenas como justaposição de crentes. Deve permitir uma leitura cordial e vivificante da Palavra de Deus, mais do que doutrinária e moralista. Deve ser a renovação da aliança que acolhe o projeto vivificador e libertador de Cristo, mais que uma simples devoção ou ato piedoso. A liturgia só será plenamente missionária se for plenamente liturgia, ou seja, se for experiência densa e transformadora de Cristo ressuscitado, a exemplo das primeiras comunidades que a cada dia viam crescer o número de fiéis, porque “dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no Templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o povo” (At 2,46-47). O tempo depois do Concílio foi marcado pelo esforço da Igreja de responder a este desafio. Por isso, procurou inserir-se profeticamente na transformação social, política e cultural do continente, mergulhando solidariamente na defesa dos pobres. [...] Apesar de orientações tão claras e firmes, sem desconsiderar os grandes avanços, a liturgia ainda tem diante de si muitos e sérios desafios: a) Desafio proveniente da cultura das grandes cidades. O ritmo de vida de nossas cidades induz as pessoas ao stress, à pressa, ao secularismo, ao anonimato, à dispersão familiar, a o lazer pelo lazer nos fins de semana. Essa situação com certeza vai exigir muita criatividade em termos de espaço celebrativo, locais, horário e duração das celebrações, linguagem, acolhida, critérios de pertença à comunidade, bem como o processo de iniciação e formação litúrgica. Ainda, nas grandes cidades, em suas periferias, além do individualismo, do anonimato, da privatização da vida espiritual, vamos encontrar sérios problemas sociais (fome, doenças, violência, desemprego...). A prática da partilha de alimentos, os mutirões para construção de casas, a preparação de festas da comunidade, a visita aos doentes em equipe, o serviço organizado aos pobres são forças que levam à quebra do individualismo.A liturgia só será eficaz, se engajar a comunidade neste processo, como fundamento e consequência da celebração. A fonte renovadora da nossa liturgia, sob a ação do Espírito Santo, vem dos pobres, das suas lutas, das suas experiências de Deus, dos seus compromissos com a solidariedade e dos seus sofrimentos. b) Desafios de uma perigosa tendência que centraliza a liturgia na pessoa do ministro ordenado e pede cautela para expressões tais como “comunidade celebrante” ou “assembleia celebrante”. Por trás deste desafio está uma visão muito estreita do ministério ordenado, um medo infundado de perder o poder e uma concepção errada do verdadeiro sentido da assembleia como sujeito da ação litúrgica. É o desafio mais conflitivo no momento. A saída será um grande mutirão de informação e formação em todos os níveis sobre o significado de Igreja Povo de Deus, sobre o sentido da participação do povo sacerdotal e da teologia dos ministérios litúrgicos. c) Desafios que vêm da visão angelical, desligada do mundo e da história, onde a participação nas celebrações litúrgicas é o momento de abstrair-se das lutas do dia-a-dia, transportando-se para uma realidade etérea e alucinante, totalmente contrária a natureza da liturgia. A celebração deverá recuperar a ligação da vida com a liturgia, celebrar o mistério pascal de Cristo presente e em realização na vida do povo (Ver: Animação da Vida Litúrgica no Brasil, doc. 43 da CNBB, n. 55 e 157).

fonte: (A LITURGIA FORMADORA DE MISSIONÁRIOS DE JESUS CRISTO (III), por Dom Manoel João Francisco, publicado em Liturgia em Mutirão II, Subsídios para Formação]

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