O esporte a serviço da paz e da união entre os povos.
Prezados irmãos e irmãs da Igreja de Deus que se faz presente na Diocese de Jundiaí:
De quatro em quatro anos, seleções de futebol de diversos países do mundo se reúnem para disputar a Copa Mundial de Futebol. A competição foi criada pelo frânces Jules Rimet (1873-1956) em 1928 e a primeira edição da Copa Mundial de Futebol foi realizada no Uruguai em 1930. Portanto, a Copa do Mundo deste ano (11 de junho a 11 de julho, na África do Sul) será a 19ª edição. Como sabemos, o Brasil sagrou-se campeão cinco vezes (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002). De quatro em quatro anos, é bonito ver como todos os brasileiros se tornam uma só família, torcendo juntos pela nossa seleção.
O esporte pode tornar-se uma ótima oportunidade de evangelização e do empenho cristão na construção de um mundo mais unido e fraterno. De fato, no esporte está presente a ideia do desenvolvimento harmonioso do ser humano. O esporte destaca a importância do exercício corporal e do esforço visando a uma constante superação. Com quanta potencialidade Deus dotou o corpo humano! Quanta perfeição ele pode alcançar mediante o exercício do esporte! Como nos lembra o Salmista que, contemplando a glória de Deus e a grandeza do ser humano, exclama: “Que coisa é o ser humano, para dele te lembrares... No entanto o fizestes só um pouco menor que um deus, de glória e de honra o coroaste” (Sl 8,5-6).
Esta grandeza do ser humano e sua força em conseguir superar metas e obstáculos lembram o lema dos Jogos Olímpicos, propostos por Pierre de Coubertin (1863-1937): “Citius, altius, fortius”, ou seja: “Mais rápido, mais alto, mais forte”. Deste modo, mediante o esporte, a pessoa humana desenvolve a própria criatividade e os seus dons, supera desafios pessoais, aprende a disciplina e o sentido do sacrifício e passa a respeitar as regras dos jogos de esporte. Praticado não como um fim em si mesmo, mas como um meio, qualquer esporte torna-se instrumento preciso para a formação perfeita e equilibrada de toda a pessoa. O próprio São Paulo compara o crescimento da vida cristã ao esporte que o atleta pratica: “Acaso não sabeis que, no estádio, todos correm, mas um só ganha o prêmio? Correi de tal maneira que conquisteis o prêmio. Todo atleta se impõe todo tipo de disciplina... Por isso, eu corro, não como às tontas. Eu luto, não como quem golpeia o ar” (1Cor 9,24-26; cf. Fl 3,12; 2Tm 4,7).
Quando o exercício físico não é realizado de forma isolada, mas em competições ou campeonatos − como é o caso de futebol −, entra no esporte um outro aspecto importante: o sentido da festa e espetáculo. Todos participam da disputa e do jogo coletivo de forma que, por mais empenho que se faça, sempre se trata de algo cuja finalidade última é o próprio jogo, a diversão. Além disto, os jogos coletivos, quando disputados entre as nações, aproximam os povos, promovem o diálogo entre as culturas, fortalecem a paz, o sentido de pertença e o respeito mútuo pelo outro.
Portanto, não se deve transformar o esporte em algo obsessivo, em detrimento de outras funções do ser humano. Deve-se evitar o excesso de paixão por equipes ou clubes, bem como o endeusamento dos atletas, que se tornam “estrelas”. Nessa tendência se manifesta um dos desvios da sociedade de consumo, que cria necessidades esportivas fictícias e estrelas que a satisfaçam, muitas vezes com a cumplicidade dos meios de comunicação. Embora o esporte como espetáculo − como é o futebol, o esporte mais popular − tenha sempre uma função de divertimento e relaxamento das tensões cotidianas, deve-se evitar que ele leve a manifestações brutais e agressivas quando a derrota surge em lugar da esperada vitória.
Por fim, queridos diocesanos, lembro-lhes as palavras do Papa Bento XVI que chamou os atletas de “modelos” para suas gerações, principalmente para as mais novas que necessitam de modelos de vida a quem seguir: “Sejam campeões no esporte e na vida!”. Pois o esporte “pode favorecer a afirmação nos jovens de valores importantes como a lealdade, a perseverança, a amizade, a partilha e a solidariedade.. Por conseguinte, transmitir mensagens positivas através do esporte contribui para construir um mundo mais fraterno e solidário” (Audiência – 01.08.2009).
Amigos, então vamos torcer com entusiasmo e ardor pela nossa seleção. Mas que ganhe o melhor! E que esses dias da Copa Mundial de Futebol sejam dias de alegria pelas vitórias conquistadas. Mas, sobretudo, sejam conquistas rumo a ideais cada vez mais incomparáveis, pois “buscamos uma coroa incorruptível” (1Cor 9,25) que nunca nos será tirada!
Dom Vicente Costa
Bispo Diocesano de Jundiaí
Bispo Diocesano de Jundiaí
"PASCOM"
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