A palavra é viva
quando são as obras que falam
Quem está repleto do Espírito Santo fala várias
línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, a saber: a
humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamos estas línguas quando
os outros as veem em nós mesmos. A palavra é viva quando são as obras que
falam. Cessem, portanto, os discursos e falem as obras. Estamos saturados de
palavras, mas vazios de obras. Por este motivo o Senhor nos amaldiçoa, como
amaldiçoou a figueira em que não encontrara frutos, mas apenas folhas. Diz São
Gregório: “Há uma lei para o pregador: que faça o que prega”. Em vão pregará o
conhecimento da lei quem destrói a doutrina por suas obras. Os apóstolos, entretanto, falavam conforme o
Espírito Santo os inspirava (cf. At 2,4). Feliz de quem fala
conforme o Espírito Santo lhe inspira e não conforme suas ideias! Pois há
alguns que falam movidos pelo próprio espírito e, usando as palavras dos
outros, apresentam-nas como suas, atribuindo-as a si mesmos. Falemos, portanto,
conforme a linguagem que o Espírito Santo nos conceder; e peçamos-lhe humilde e
devotamente que derrame sobre nós a sua graça, a fim de podermos celebrar o dia
de Pentecostes com a perfeição dos cinco sentidos e na observância do decálogo.
Que sejamos repletos de um profundo espírito de contrição e nos inflamemos com
essas línguas de fogo que são os louvores divinos. Desse modo, ardentes e
iluminados pelos esplendores da santidade, mereceremos ver o Deus Uno e Trino.
(Dos Sermões de Santo Antônio de Pádua,
presbítero)
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