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sexta-feira, 5 de junho de 2020

Situação da Igreja Católica na China


“Situação da Igreja perseguida piorou”, após acordo entre Santa Sé e Pequim, denuncia padre “clandestino” à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). É uma mensagem curta, mas dura sobre a atual situação da Igreja, vinte meses após a assinatura do acordo provisório entre a Santa Sé e as autoridades de Pequim para a nomeação de bispos para as comunidades católicas na China.
Um sacerdote da chamada Igreja Clandestina enviou uma mensagem para a Fundação AIS em Lisboa e afirma, sem margem para dúvidas, que, “ao longo destes 20 meses de Acordo Provisório”, a situação “da Igreja perseguida veio a piorar”.
O padre “Pedro” – cuja verdadeira identidade não pode ser revelada por questões de segurança – acusa mesmo as autoridades de Pequim de pretenderem “enganar” os membros da Igreja para aderirem à Associação Patriótica, criada pelo governo para a tutela dos assuntos relacionados com a comunidade católica.

“O governo aproveitou este acordo para enganar os membros do clero, tanto bispos como presbíteros, para que acreditem que não faz sentido estar fora da igreja patriótica, isto é, que fazer parte dela é a única solução”, escreve o padre Pedro, acrescentando: “os que não querem fazer parte da igreja estatal são mais perseguidos de várias formas”.
Efetivamente, as comunidades católicas na China encontram-se divididas entre a Associação Patriótica, tutelada por Pequim, e a chamada “Igreja Clandestina”, fiel ao papa e ao Vaticano.
Com o acordo assinado em setembro de 2018 pelo subsecretário do Vaticano para as relações com os Estados, dom Antoine Camilleri, e pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Chao, avançou-se no sentido de uma unidade eclesial permitindo pela primeira vez às comunidades católicas a nomeação de bispos “em comunhão com Roma”, sendo reconhecidos pelas autoridades chinesas.
Mas nem tudo se revelou assim tão simples. Apesar do acordo, continuam a chegar da China notícias frequentes de perseguição às comunidades cristãs que não aceitam a tutela das autoridades comunistas. Ainda recentemente, a Fundação AIS dava conta de igrejas fechadas, cruzes derrubadas em alguns templos e procissões anuladas.
No último relatório sobre a perseguição aos cristãos no mundo, editado em 2019 pela Fundação AIS, é referido que “o clero cristão continua sujeito a detenções arbitrárias e os regulamentos de construção são cada vez mais usados como pretexto para a demolição de igrejas”. Além disso, desde a assinatura do acordo têm surgido vozes críticas, com destaque para o Cardeal emérito de Hong Kong, dom Joseph Zen, que chegou a falar mesmo em “traição”.
Na mensagem enviada no final da semana passada para Lisboa, o padre “Pedro” – que se encontra atualmente a completar os seus estudos num país da União Europeia – fala em “confusão e divisão” entre os cristãos. “Como o conteúdo do acordo não está publicado, isso cria mais confusão e divisão. De facto, lamentavelmente, bastantes membros do clero, por diversos motivos, estão a passar para a igreja estatal. Esta é uma realidade triste e dolorosa. A Igreja perseguida sente-se, em certo sentido, cada vez mais sozinha, porque não vê o apoio de que realmente necessita.”
Reconhecendo que, “enquanto houver mundo sempre haverá perseguições, ou seja, a Igreja perseguida existirá até ao fim dos tempos”, o padre “Pedro” afirma que “a realidade actual” levou-o a pensar e a refletir sobre a “questão da fé e o significado da fidelidade à doutrina da Igreja” e reconhece que se está a viver uma “crise de identidade”. E explica. “A situação atual é difícil e não será fácil melhorar enquanto não tivermos uma consciência clara da nossa identidade”, pessoal e eclesial.
A mensagem termina, porém, com um voto de esperança e de confiança: “Nunca se deve perder a confiança e a esperança em Cristo, pois ele entrou na glória passando pela paixão e morte. A vida de Cristo deve ser o princípio e a fonte da vida dos fiéis, membros do clero e leigos. Se existir uma fé suficientemente forte, a perseguição exterior não pode fazer nada, e ainda contribui para o crescimento da fé. Portanto, quero fazer um convite a todos: que voltemos à raiz da nossa identidade cristã e vivamos verdadeiramente a nossa fé. Somente assim seremos testemunhas de Cristo no meio do mundo.”

fonte: Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS)


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