Escutemos o que diz a palavra do Senhor sobre a ação do
Espírito em nós: Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois
capazes de compreendê-las agora (Jo 16,12), É bom para vós que eu
parta: se eu me for, vos mandarei o Defensor (cf. Jo 16,7).
Em outro
lugar: Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará uni outro Defensor, para que
permaneça sempre convosco: o Espírito da Verdade (Jo 14,16-17). Ele
vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo
o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará. Ele me glorificará
porque receberá do que é meu (Jo 16,13-14).
Estas palavras,
entre muitas outras, foram ditas para nos dar a conhecer a vontade daquele que
confere o Dom e a natureza e a perfeição do mesmo Dom. Por conseguinte, já que
a nossa fraqueza não nos permite compreender nem o Pai nem o Filho, o Dom que é
o Espírito Santo estabelece um certo contato entre nós e Deus, para iluminar a
nossa fé nas dificuldades relativas à encarnação de Deus.
Assim, o Espírito
Santo é recebido para nos tornar capazes de compreender. Como o corpo natural
do homem permaneceria inativo se lhe faltassem os estímulos necessários para
as suas funções - os olhos, se não há luz ou não é dia, nada podem fazer; os
ouvidos, caso não haja vozes ou sons, não cumprem seu ofício; o olfato, se não
sente nenhum odor, para nada serve; não porque percam a sua capacidade natural
por falta de estímulo para agir - assim é a alma humana: se não recebe pela fé
o Dom que é o Espírito, tem certamente uma natureza capaz de conhecer a Deus,
mas falta-lhe a luz para chegar a esse conhecimento.
Este Dom de
Cristo está inteiramente à disposição de todos e encontra-se em toda parte; mas
é dado na medida do desejo e dos méritos de cada um. Ele está conosco até o fim
do mundo; ele é o consolador no tempo da nossa espera; ele, pela atividade dos
seus dons, é o penhor da nossa esperança futura; ele é a luz do nosso espírito;
ele é o esplendor das nossas almas.
Fonte: Trecho do Tratado Sobre a Trindade, de Santo
Hilário, bispo (séc. IV)
Nenhum comentário:
Postar um comentário