É sempre importante mencionar a origem e trajetória do Dia
Mundial das Comunicações a fim de que se crie uma cultura sobre a profundidade
de um “mandato” da Igreja, que passa despercebido, inclusive, por vários
setores da Instituição. Trata-se de algo solicitado pelo Concílio Vaticano II,
quando a Igreja, levando em consideração as profundas transformações da
sociedade e avanços na área tecnológica em todos os setores, percebeu, também,
o seu “despreparo” neste campo. Assim, a ela entendeu que, a respeito da
comunicação, não bastava apenas a profissionalização e competência técnica no
uso dos meios, mas o compreender a evolução da comunicação, nas suas mais
diferentes expressões, como linguagem, cultura e, sobretudo, como elemento
articulador da sociedade.
Encontramos a afirmação, então, no Decreto Inter
Mirifica (n.18): “Para reforçar o variado apostolado da Igreja por
intermédio dos meios de comunicação social celebre-se anualmente, nas dioceses
do mundo inteiro, um dia dedicado a ensinar aos fiéis seus deveres no que diz
respeito aos meios de comunicação, a se orar pela causa e a recolher fundos
para as iniciativas da Igreja nesse setor, segundo as necessidades do mundo
católico”.
Com a finalidade de levar adiante a atenção-ação nesse
importante setor da comunicação, e lembrando o reconhecimento que o
decreto Inter Mirifica (Concílio Vaticano II) externara sobre a
importância da comunicação, o Papa Paulo VI, cria, em 1964, através do
documento In fructibus multis, a Pontifícia Comissão para as
Comunicações Sociais, com a finalidade de coordenar e estimular a realização
das propostas dos Padres Conciliares.
A fim de colocar em prática as recomendações já mencionadas,
a Pontifícia Comissão, após receber o parecer de presidentes de Comissões
Episcopais, em 1964 e 1965, sobre como aplicar o que foi estabelecido no n.18
do Inter Mirifica, criou o Dia Mundial das Comunicações Sociais (em 1966),
com a aprovação do Sumo Pontífice. E no dia 7 de maio de 1967 celebrou-se pela
primeira vez, no mundo inteiro, o dia Mundial das Comunicações Sociais
(celebrado sempre no domingo da Ascensão).
Se quiséssemos, então, sintetizar, três foram os objetivos
fixados pelo Concílio Vaticano II e, um quarto, pela Instrução Pastoral Communio
et Progressio:
1.- A formação de consciências frente às responsabilidades
que tocam a cada indivíduo, grupo ou sociedade, como usuários desses meios.
2.- O convite dirigido a todos os que creem para rezar a fim de que tais meios sejam empregados conforme o desígnio de Deus sobre a humanidade (ou seja, para o bem comum).
3.- O estímulo oferecido aos católicos para sustentar com generosidade, num gesto de solidariedade, as iniciativas de evangelização no campo da comunicação social.
4.- Realçar o papel de todos os que trabalham no área da comunicação (Communio et Progressio n.° 167).
2.- O convite dirigido a todos os que creem para rezar a fim de que tais meios sejam empregados conforme o desígnio de Deus sobre a humanidade (ou seja, para o bem comum).
3.- O estímulo oferecido aos católicos para sustentar com generosidade, num gesto de solidariedade, as iniciativas de evangelização no campo da comunicação social.
4.- Realçar o papel de todos os que trabalham no área da comunicação (Communio et Progressio n.° 167).
Portanto, com o intuito de “suscitar na Igreja e no mundo
uma atitude social nova e salutar com relação ao uso desses instrumentos”,
desde 1967, os Papas escrevem anualmente uma mensagem, discorrendo sobre o tema
escolhido para a reflexão de cada ano. Em 2009, temos a significativa mensagem
de Bento XVI “Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de
respeito, de diálogo, de amizade”.
Primeiramente, percebe-se a atualidade da mensagem, expressa
já no título por parte de Bento XVI, que reafirma o pensamento positivo do
Magistério sobre a comunicação, semeado ao longo de seus documentos. É a
consideração das “maravilhosas invenções técnicas”, dons de Deus, na medida em
que criam laços de solidariedade entre as pessoas, e são também o resultado do
esforço humano, portanto do processo histórico – científico. O avanço das
tecnologias de comunicação, entretanto, constitui para a Igreja, não somente
objeto de “uso” dos meios, mas uma preocupação e um incentivo para perceber a
comunicação “mais do que um simples exercício na técnica” (Igreja e Internet,
n.3).
Na verdade, a Igreja, já no seu documento Redemptoris
Missio (n.37c-1990), chamava a atenção para um aspecto fundamental que
constituiu a grande “reviravolta” da reflexão do magistério eclesial em relação
ao mundo da comunicação e que é de capital importância neste momento da
historia Igreja-sociedade. A Igreja esforçou-se para compreender os new media,
e progrediu no expressar-se com mais clareza a respeito do impacto que eles têm
na construção social, e passou, então, a refletir sobre a comunicação (embora
haja muito caminho a fazer!) não mais de forma restrita ou somente como “meios”
ou “instrumentos” (isolados) a serem usados ou dos quais se precaver. Mas a
Igreja ela refere-se ‘a cultura da comunicação como que a um “ambiente” no qual
estamos imersos e do qual participamos. Trata-se de uma cultura. A cultura
midiática, onde a comunicação é o elemento articulador das mudanças que ocorrem
na sociedade de hoje.
Há uma crescente consciência das profundas transformações
operadas pelos novos meios de comunicação e, portanto, diz o referido documento
“não é suficiente, usá-los [os meios] para difundir a mensagem cristã e o
Magistério da Igreja, mas é necessário integrar a mensagem nesta ‘nova
cultura’, criada pelas modernas comunicações”.
fonte: Edições Paulinas
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